sábado, 8 de novembro de 2008

O fim do Jejum do Corinthians de 1977

O jogo da libertação. Esse é o mais merecido título que podemos dar a essa partida. A torcida corintiana enche o Morumbi, no dia 13 de outubro, para ver aquele que seria o jogo da libertação, do fim do jejum, que já durava 22 anos, oito meses e seis dias. Começa a partida e logo de cara, aos 16 minutos, mais de 80 mil corintianos vêem o perigoso atacante Rui Rei reclamar com o juiz Dulcídio Wanderley Boschillia e ser expulso. Quem temia por uma nova tragédia passou a ficar mais aliviado. Mesmo precisando de um empate no tempo normal e na prorrogação, o Corinthians foi para cima da Ponte.

Geraldão, artilheiro do Timão naquele campeonato com 24 gols, quase abre o placar aos 39 minutos, após aproveitar um cruzamento de Vaguinho.
Chega o segundo tempo. Os dois times entram nervosos e muito cautelosos. O medo de tomar um gol fez com que as equipes ficassem apenas se defendendo. Em raros contra-ataques, o perigo aparecia. Em um deles Dicá, da macaca, cabeceia livre na área.

Para fora.
Assustado, o técnico Brandão se levanta e manda o time para o ataque. Aos 36 minutos, Zé Maria bate uma falta pela direita. A bola percorre toda a pequena área e vai parar no pé de Vaguinho, que, de bico, chuta a bola no travessão do goleiro Carlos. Na volta, ela quica no chão e sobe para Wladimir cabecear. Em cima da linha, Oscar, também de cabeça, salva. Mas no rebote, a bola sobra para o pé direito de Basílio. O meia, com toda a força, faz então o esperado gol. Festa no Morumbi. Restavam apenas 8 minutos. Nessa hora, não havia mais esquema tático. Pouco antes de acabar, Oscar e Geraldão, que foi o artilheiro do campeonato com 24 gols, brigam e são expulsos. Aos 46, Dúlcidio pede a bola e encerra a partida: o Corinthians é campeão. Fim do jejum. Fim do sofrimento. A torcida invade o campo e comemora com os seus ídolos. Brandão é carregado no colo, o presidente Vicente Matheus perde os sapatos, os jogadores ficam quase nus. O coro de “é campeão” toma conta da noite paulista e invade a madrugada. A partir daí, surge um novo Corinthians. Acabaram-se os traumas e o time volta a ser o bom e velho vencedor.

O gol de Basílio foi o mais importante da história corintiana. Veja seu depoimento sobre o jogo:
“A terceira partida da final do Paulistão de 77 foi a melhor que nós fizemos no campeonato. Jogamos determinados, fomos pacientes e também atrevidos. Tanto que, mesmo precisando do empate, fomos para cima da Ponte Preta. No primeiro tempo merecíamos ter feito uns dois ou três gols. Na segunda etapa, o jogo ficou equilibrado até o gol. O lance saiu de uma bola parada e eu, depois do bate-rebate, fiz o gol de direita e corri para a galera. Após o jogo, queríamos dar a volta olímpica, mas foi impossível. Pouco importa. O que valeu mesmo foi a festa e o fim do jejum.”

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